quinta-feira, 21 de abril de 2011

Biofortificação de alimentos no Nordeste




Semíramis Rabelo Ramalho Ramos trabalha há cerca de vinte anos com a cultura da abóbora. Tempo suficiente para que a pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju – SE) se apaixonasse pela cultura. E foi justamente essa paixão e a certeza de que a abóbora é uma hortaliça de ampla aceitação e consumo tradicional da população, principalmente a Nordestina, que fez com que a pesquisadora da área de recursos genéticos batalhasse para incluir a abóbora no projeto de biofortificação de alimentos – BioFort. A pesquisadora explica que desde a primeira vez que ouviu uma palestra sobre a biofortificação, ministrada pela pesquisadora Marilia Nutti, ficou tentada a sugerir a inclusão da abóbora nos projetos. “Ela tem elevados teores de carotenóides e possui vitaminas do complexo B; sais minerais, como o cálcio e o fósforo", explica a pesquisadora, acrescentando que a abóbora ainda tem a vantagem de possibilitar diferentes formas de preparo, tanto cozida quanto crua, para o consumo. Todas essas características foram apresentadas com veemência durante a 2ª Reunião Anual de Biofortificação, realizada em 2007, no Rio de Janeiro, pela pesquisadora. A partir daí, a abóbora passou a fazer parte do projeto coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, junto com o arroz, feijão, milho, mandioca, feijão-caupi e batata-doce. Vencida a batalha da inclusão da hortaliça, as pesquisas se voltaram para a identificação, seleção e avaliação de acessos locais de abóbora com boas características agronômicas e alto teor de carotenóides pró-vitamínicos A. O trabalho então começou a ser feito em parceria com a Embrapa Semiárido. “Aliamos essas pesquisas a outros projetos em andamento na Embrapa Tabuleiros Costeiros, com a participação efetiva dos agricultores dos estados de Sergipe e Bahia no processo de seleção. Já identificamos dentro das variedades crioulas, acessos de abóbora que apresentaram valores máximos de até 460 microgramas por grama. A partir do BioFort, as pesquisas com a abóbora foram além da dimensão agronômica e das características comerciais, como cor de polpa, formato, brix e matéria seca. “Estou muito satisfeita porque a cultura passa a ser estudada também pelo aspecto nutricional”, conta a pesquisadora. Ela explica que os próximos passos serão os estudos de retenção de carotenóides e a biodisponibilidade do nutriente no organismo. Estas pesquisas serão feitas pelos parceiros Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP) e Embrapa Agroindústria de Alimentos.

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