O câncer é a segunda principal causa de morte no
Brasil. É uma doença de grande incidência, alta mortalidade e de difícil
tratamento, havendo um constante interesse social na busca por terapias mais
eficientes. Nesse sentido, com o objetivo de desenvolver uma formulação mais
eficaz, segura e que apresente menos efeitos colaterais no tratamento do
câncer, um estudo está sendo desenvolvido por pesquisadores do Instituto de
Tecnologia e Pesquisa (ITP) da Universidade Tiradentes (Unit).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o
câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que tem em comum
desordem que causam desregulação no crescimento celular e que por sua vez
invadem tecidos e órgãos. É ocasionada por um acúmulo de mutações genéticas que
proporcionam anomalias nos mecanismos de proliferação e diferenciação celular.
O estudo propõe um tratamento através da
nanotecnologia utilizando o álcool perílico, um monoterpeno natural presente em
diversos óleos essenciais, tais como: hortelã, lavanda, cereja entre outros,
que possui atividade antitumoral . A professora Dra. Patrícia Severino destaca
que o estudo propõe a encapsulação do álcool perílico (AP) em Nanopartículas
Lipídicas Sólidas, que visa obter um sistema de liberação controlada
direcionada ao alvo na terapia anticâncer.
Segundo a pesquisadora e executora do projeto Dra.
Luciana Nalone, bolsista de pós-doutorado da Fundação de Apoio à Pesquisa e à
Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE), estudos demonstram a
eficácia clínica na terapia anticâncer do álcool perílico, visto que esse
monoterpeno está sendo avaliado em testes clínicos finais seres humanos para o
tratamento do câncer de cabeça e pescoço.
“No tratamento tradicional da quimioterapia, o
fármaco irá afetar a função e a proliferação tanto das células normais como das
neoplásicas, levando uma série de efeitos colaterais para o paciente, tais como
problemas gastrintestinais, queda do cabelo, mucosite oral dentre outros.
Diante disso, surge a necessidade da inovação tecnológica empregando
nanopartículas contendo o álcool perílico, a fim de promover o direcionamento
específico, ou seja, o álcool perílico atingir somente as células tumorais e
resultando em menos efeitos colaterais no tratamento contra o câncer”, explicou
Luciana.
Aplicação
A professora Dra. Patrícia Severino explica que o
desenvolvimento do projeto, com duração de três anos, consistirá em três
etapas: a primeira etapa versará na produção das nanopartículas contendo o
álcool perílico. Em seguida, na segunda etapa, serão realizadas as
caracterizações físico-químicas das formulações obtidas, além dos ensaios
celulares comparando o princípio ativo livre com o encapsulado. A terceira e
última etapa, consistirá em ensaios in vivo com camundongos, em que será
avaliada a inibição do crescimento tumoral e análise toxicológica de animais
inoculados com o tumor experimental Sarcoma 180.
“Esperamos através de a pesquisa obter um novo
nanomedicamento promissor no combate ao câncer, bem como buscar uma terapia
mais eficaz e segura para a população brasileira. Além disso, temos a formação
de recursos humanos e o impulso da ciência em Sergipe. Agradecemos a Fapitec/SE
por confiar no nosso trabalho para desenvolver essa tecnologia, aos membros que
compõem essa equipe de trabalho, ao programa Pós-graduação em Biotecnologia
Industrial da Universidade Tiradentes, do Instituto de Tecnologia e Pesquisa e
da Universidade Federal de Sergipe”, afirma a professora Patricia. O projeto é
fruto do Programa de Pós-doutorado desenvolvido pela Fapitec/SE em parceria com
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Ensino Superior (CAPES). O objetivo do
edital PPDOC é fortalecer a pesquisa em Sergipe e promover a formação de
recursos humanos.