TIM e UNICEF
lançam plataforma para identificar crianças fora da escola
No
Brasil, 2.802.258 crianças e adolescentes de 4 a 17 anos estão fora da escola,
segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015. Pensando
nisso, UNICEF, Instituto TIM, Colegiado Nacional de Gestores Municipais de
Assistência Social (Congemas) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Educação (Undime) lançou ontem a Busca
Ativa Escolar. A plataforma ajudará a localizar essas crianças e adolescentes,
identificar as causas da exclusão e tomar as medidas necessárias para a
(re)matrícula e a permanência na escola.
A
exclusão escolar afeta principalmente meninos e meninas das camadas mais
vulneráveis da população, já privados de outros direitos constitucionais. Do
total fora da escola, 53% vivem em domicílios com renda per capita de até ½
salário mínimo. Encontrar cada uma
dessas crianças e adolescentes, retirá-las desse contexto de exclusão e
trazê-las para a escola, garantindo a permanência e a aprendizagem, só é
possível por meio de uma ação intersetorial, envolvendo diferentes áreas –
Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outras. “Os fatores de exclusão
escolar são diversos e ultrapassam os muros da escola. Para saná-los, é
essencial que as mais diversas áreas do poder público assumam um compromisso
pelo direito de aprender desses meninos e meninas”, explica Gary Stahl,
Representante do UNICEF no Brasil.
A
Busca Ativa Escolar é uma plataforma gratuita para auxiliar os munícipios no
enfrentamento da exclusão escolar. A proposta visa oferecer, em um mesmo
ambiente digital, conteúdos e ferramentas tecnológicas para que representantes
de diferentes áreas do poder público possam identificar crianças e adolescentes
fora da escola e tomar as providências necessárias para sua (re)matrícula e
permanência no ambiente escolar.
O
fluxo da plataforma é todo feito pela internet. Ela pode ser acessada em
qualquer dispositivo, como computadores, tablets, celulares (SMS ou
smartphones). “A plataforma foi criada em software livre – ou seja, pode ser
adotada gratuitamente por qualquer município, sem custo algum. Ela contribui
para o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação e o enfrentamento da
exclusão escolar utilizando Tecnologias da Informação e Comunicação”, explica
Manoel Horácio, presidente do Instituto TIM. “Além disso, sempre nos
preocupamos com a escalabilidade do projeto. A solução foi pensada de maneira
com que as enormes diferenças entre os municípios brasileiros não sejam
impeditivas para a realização da busca ativa”, afirma.
O
processo começa com um alerta sobre uma criança ou adolescente que esteja fora
da escola. Ao encontrar um desses meninos e meninas, o agente comunitário envia
o alerta, por meio de SMS, aplicativo e site. A partir daí, um grupo
intersetorial de profissionais inicia uma série de ações, que vão desde uma
conversa com a família, para entender as causas da exclusão, até o
encaminhamento do caso para as áreas responsáveis por garantir a (re)matrícula
dessa criança ou adolescente, bem como pelo acompanhamento da sua vida
educacional. " Além do PNE, os
planos municipais de educação também preveem a realização da busca ativa.
Assim, nós, dirigentes municipais de educação, precisamos saber quem são essas
crianças e adolescentes, onde elas estão e entender os motivos que as levaram a
abandonar a escola. Incluí-las e garantir a permanência e o aprendizado de cada
uma delas é tarefa prioritária da educação, mas que deve ser realizada de
maneira integrada com as demais áreas do município.", afirma Alessio Costa
Lima, presidente da Undime.
“A
Busca Ativa Escolar contribui para a criação de ações intersetoriais no
território, sob a perspectiva da garantia de direitos. Por meio dela, forma-se
uma rede com Educação, Saúde, Cultura, sociedade civil e diferentes
organizações para garantir o retorno desses meninos e meninas para a escola. Na
Assistência Social, a gente trabalha nessa perspectiva da família, de olhar
para a autonomia de cada criança e adolescente e para os motivos que os afastam
da escola, contribuindo para que consigam voltar à escola e permanecer nela”,
complementa Vanda Anselmo, presidente do Congemas.
“Conseguimos
envolver todas as áreas de Campina Grande (PB) em prol das crianças e
adolescentes, por meio da estratégia Busca Ativa Escolar. Os agentes de saúde
tiveram papel fundamental no projeto, fazendo alertas precisos. Como o alerta
vai diretamente para o grupo responsável, passamos a conseguir uma resposta
mais imediata. Todos os casos localizados foram resolvidos e as crianças e os
adolescentes estão hoje na escola. A Busca Ativa Escolar virou parte da nossa
rotina”, conta a professora Iolanda Barbosa, Dirigente Municipal de Educação de
Campina Grande, um dos oito municípios que participou do piloto da iniciativa,
realizado em 2016. Além de Campina Grande, Anápolis (GO), Itaúna (MG),
Tabuleiro do Norte (CE), Serrinha (BA), Bujari (AC), Vilhena (RO) e São Bernardo
do Campo (SP) fizeram parte do piloto, se organizando intersetorialmente para
encontrar crianças e adolescentes fora da escola e contribuindo para testar e
aprimorar a metodologia e a plataforma da Busca Ativa Escolar.
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