terça-feira, 10 de março de 2015

Vendas de Veículos Importados caem 32,5% esse mês



Vendas de veículos importados caem 32,5% esse mês 


As importações de automóveis também sofreram forte impacto da queda drástica da demanda por veículos no início do ano. Balanço divulgado hoje pela Abeifa, a entidade que abriga desde grifes de luxo como BMW, Ferrari e Lamborghini a marcas populares como JAC Motors e Chery, mostra que as vendas das associadas caíram 32,5% em fevereiro, comparativamente a igual período de 2014. Em relação a janeiro, a queda foi de 22,9%.   No total, 5,8 mil carros das marcas associadas à Abeifa foram emplacados no mês passado, o que leva para 13,2 mil unidades — ou 3,1% do mercado total — o volume acumulado no primeiro bimestre, 27,1% menos do que o desempenho de um ano antes.
O tombo sofrido pelos importadores foi maior do que a queda de todo o mercado nacional de carros de passeio e utilitários leves, que caiu 27,2% na comparação de fevereiro com o mesmo mês de 2014 e 22,5% no primeiro bimestre.

As razões citadas para explicar a derrocada nas vendas de importados, contudo, são as mesmas levantadas na última semana pela Anfavea, entidade das montadoras instaladas no país, e pela Fenabrave, associação das concessionárias, na divulgação de seus balanços. Em entrevista coletiva a jornalistas, dirigentes do setor de importação colocaram a quebra na confiança dos consumidores como o principal fator por trás do desempenho pífio do mercado automotivo.
Segundo Marcel Visconde, presidente da Abeifa, falta perspectiva de retomada da economia no curto e médio prazo, num momento em que o país vive a expectativa de entrar em recessão econômica. Ele ainda lembrou que o avanço da inflação, combinado à escalada dos juros, corrói a renda disponível ao consumo. “Não há indicadores que vislumbrem otimismo”, afirmou o executivo.
Junto com os números de fevereiro, quando os resultados também foram prejudicados pelo calendário mais curto, em virtude do Carnaval, a Abeifa informou que prevê redução de 10% das vendas de suas associadas neste ano. Isso significaria um volume de 84,3 mil carros emplacados durante o ano, uma fatia ao redor de 3% do mercado total esperado no período.
De acordo com o presidente da entidade, a acentuada valorização do dólar nas últimas três semanas ainda não foi, na maioria das marcas, repassada às tabelas de preços em reais dos veículos. Contudo, Visconde adiantou que, mantida tendência de alta da moeda americana, repassar ao menos parte da valorização cambial será “inevitável”.
Como o mercado não está comprador, repasses tornaram-se, no entanto, mais difíceis, o que tende a forçar as empresas a enxugar operações para aliviar a pressão sobre os custos. “O importador sangra quando o dólar sobe. Como o mercado não está absorvendo repasses de preços, ficamos numa situação incômoda”, afirmou Visconde, acrescentando que o resultado disso pode ser o fechamento de lojas, com o consequente efeito negativo sobre postos de trabalho no setor. 
“É um ano para reduzir custos e adequar a rede [de concessionárias]. Temos que emagrecer”, concorda Sérgio Habib, empresário que representa a marca chinesa JAC Motors no Brasil. 
Segundo ele, o consumo de carros segue fraco em março, girando uma média diária de 9,2 mil unidades. Em janeiro e fevereiro, a média de vendas a cada dia que as revendas abriram as portas foi de 11,6 mil e 10,5 mil unidades, respectivamente.
Sócia da Abeifa com os maiores volumes, a Kia Motors encerrou o primeiro bimestre amargando retração de 25,4% nas vendas, num total de 3,1 mil carros licenciados.
Também houve queda nas vendas da JAC, de 45%, e da Chery, de 19,2%. No segmento premium, a Land Rover terminou o primeiro bimestre com vendas 15,3% menores do que em igual período de 2014, enquanto os volumes da BMW caíram 11,8%, para 2,2 mil unidades. 
A Abeifa, que, em sua origem, representava apenas importadores de automóveis, mudou seu estatuto no início do ano passado para abrigar também marcas com fábricas em construção no país e, com isso, não perder associados que anunciaram produção local em virtude das barreiras a importados do novo regime automotivo, o Inovar-Auto. Por isso, a BMW e a Chery, que já produzem no Brasil, estão entre os associados da entidade.

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