Salvador celebra a lavagem das escadarias do
Bonfim
Ritual do século XVIII reúne mais de meio milhão de fiéis e turistas em ato religioso
Ritual do século XVIII reúne mais de meio milhão de fiéis e turistas em ato religioso
Com vassouras e água de cheiro,
baianas de Salvador repetem desde 1773 o ritual de lavagem das escadarias
da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, na Bahia. Nesta quinta-feira (15), a
dona de casa Graça Neri, que já foi uma das 200 baianas que
arremessava o líquido perfumado e esfregava os degraus com vassoura
de palha, estava lá para assistir o ritual.
Aos 64 anos, animada, vestida de branco e orgulhosa de ter
participado de todas as 64 lavagens, dizia: “ano após ano, sem
falhar nenhuma, fui em todas, desde que era criança de colo”.
Graça conta que nem mesmo a distância de mais de 300 Km de
Salvador – ela mora em Itabuna – a impede de participar todos
os anos. “Cheguei desta vez com os três netos para rever amigos
e manter a tradição”, diz.
A programação começou logo cedo,
às 8 horas, com um ato na Basílica de Nossa Senhora da
Conceição da Praia. A partir das 9 horas, os fiéis
seguiram para o Bonfim, reconhecida como Patrimônio Imaterial do
Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan). Haverá ainda missa solene e muita
festa até domingo. Os fiéis percorreram 8 Km em
procissão, a maioria repetindo um ritual antigo: dar três
voltas em torno da Basílica e fazer três pedidos, ao som de
atabaque e cânticos de origem africana. “Tudo é festa,
na saída reunimos os amigos e comemos sarapatel em casa”, diz
Graça. Mais de meio milhão de pessoas, entre
fiéis e também turistas, devem participar dos atos
religiosos.
A capital do Pelourinho, do Elevador Lacerda, da Igreja do
Bonfim e de tantos outros atrativos é hoje um dos principais
destinos de brasileiros e estrangeiros que viajam pelo país. O
Nordeste atrai 36% dos viajantes brasileiros, de acordo com estudo do
Ministério do Turismo (MTur). A região também é
a segunda do país que mais emite e recebe turistas.
A
lavagem da Igreja teve início no século XVIII, quando os
escravos foram obrigados a lavar a igreja, como parte dos preparativos para
a festa do Senhor do Bonfim.
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